Como não poderia deixar de ser (o patrão manda e o sipaio obedece), o embaixador itinerante de Angola, Luvualu de Carvalho, voltou a reproduzir o manancial de asneiras que constituem a sua missão em prol do “escolhido de Deus”.
Por Orlando Castro
D esta vez, passada a fase da NATO e a antes da próxima descoberta do apoio do Estado Islâmico aos activistas detidos, Luvualu de Carvalho classificou hoje como “mentiras grosseiras” as acusações da Amnistia Internacional (AI) criticando o impedimento de familiares, jornalistas e observadores no tribunal onde decorre a farsa rotulada de julgamento dos 17 activistas acusados de, entre muitos outros crimes, prepararem uma rebelião e um atentado contra o patrão do embaixador itinerante.
Luvualu de Carvalho reagia, em declarações à agência Lusa (a quem mais poderia ser?) em Luanda, ao comunicado emitido por aquela organização internacional, tendo negado que esteja a ser vedado o acesso ao espectáculo em causa.
“Este comunicado da Amnistia Internacional é uma mentira redonda, porque as famílias dos indivíduos julgados têm acesso ao tribunal, porque a comunicação social tem acesso ao tribunal, a sociedade civil no geral tem acesso ao tribunal”, afirmou. Luvualu de Carvalho nesta sua quadrada tese.
“São uma mentira absoluta”, afirmou Luvualu de Carvalho, sobre as declarações da directora-adjunta da AI para a África Austral, Muleya Mwananyanda.
Ainda bem que não puxaram pela língua a Luvualu de Carvalho. Se o tivesses feito ele seria obrigado a revelar que, afinal, a empregada da prima do tio do avô da cunhada do sobrinho de um dos detidos é vizinha de Muleya Mwananyanda. E estão a ver os escarcéu que isso ia dar. Se calhar a Amnistia Internacional teria de fechar as portas.
O dirigente do regime, itinerante na ignorância e residente na estupidez, considerou ainda tratarem-se de “declarações de má-fé” e garantiu que Angola vai sempre “repudiar com veemência todos os comunicados mentirosos, postos a circular e que não correspondam com a verdade”.
Faz Luvualu de Carvalho muito bem. É preciso que a AI, bem como todo o mundo, saibam que a verdade é um dom que Deus consagrou em exclusivo ao seu único representante na terra, ou seja, o patrão de Luvualu – José Eduardo dos Santos.
“Porque nós temos tido abertura suficiente que para termos encontros com quer que seja, quer aqui em Angola, quer na diáspora, para esclarecermos o que acharmos necessário”, frisou.
É verdade. Aliás, consta que da agenda de Luvualu de Carvalho figuram vitais deslocações de esclarecimento a países que, reconhecidos, querem aprender com ele as melhores técnicas para que todos pensem que dormir com o José Maria é a mesma coisa do que dormir com a Maria José. Países prioritários são a Coreia do Norte e a Guine Equatorial. No entanto, Luvualu prefere os melhore hotéis da Europa.
Para a AI, o julgamento, iniciado a 16 de Novembro, “viola várias normas” reconhecidas pelo direito internacional para assegurar um julgamento imparcial, ao decorrer sem observadores independentes.
“O direito a uma audiência pública é uma salvaguarda fundamental para um julgamento justo e barrar observadores do tribunal sem justificação é uma violação dos direitos humanos”, afirmou Muleya Mwananyanda, em comunicado da AI.
Sobre esta observação, Luvualu de Carvalho afirmou que esta é outra questão que o Governo angolano não encontra explicação possível.
“Porque as nossas leis, as leis vigentes na República de Angola, não falam em nenhum observador para assistir a julgamentos. Sendo o julgamento livre, toda e qualquer pessoa que se sinta livre tem acesso ao julgamento”, disse Luavualu de Carvalho.
Consta que esta firmação do emblemático símbolo da matumbez do regime vai, para sempre, figurar em todas as instalações da AI como eficaz remédio para as tristezas. Ninguém resistirá a uma longa e africana gargalhada.
“Tanto que temos visto que o tribunal, na sua boa-fé, criou uma sala especial, onde todos os órgãos de imprensa acompanham o julgamento em directo, porque a sala não tem um tamanho suficiente para que caibam lá centenas de pessoas, então ficam na sala os réus, os seus advogados, os juízes, os magistrados do Ministério Público e os seus familiares e público em geral”, acrescentou o sipaio.
Luvualu de Carvalho reforçou que os jornalistas têm acompanhado em tempo real as sessões do julgamento, sendo prova os relatos feitos na imprensa nacional e internacional.
“Não sabemos de onde ela tirou essas declarações que são absurdas e mentirosas”, sublinhou Luvualu de Carvalho, visivelmente agastado e com os poucos neurónios que tem já a deitar fumo por todos os lados.
Citada no comunicado da AI, Muleya Mwananyanda disse que os activistas – 15 dos quais detidos há mais de cinco meses – foram alvo de “acusações forjadas” e estão “injustamente detidos”, julgados num tribunal “em que os princípios do Direito e da Justiça não estão a ser seguidos”.
Luvualu de Carvalho deverá agora dar instruções ao juiz presidente da farsa, Januário José Domingos, para apresentar um vídeo onde se verá o pessoal da Amnistia Internacional a dar instruções telepáticas aos activistas, nomeadamente quanto ao fabrico de ogivas nucleares.